Esta geração Tinder não sabe como é difícil paquerar! Os aplicativo de “matches” instantâneos facilitaram a vida de toda uma geração, que não entende o que é ficar 12 dias conversando no MSN com uma menina, para, aí sim, conseguir convencê-la a sair, pegar dois ônibus, chegar no cinema todo suado e, quando finalmente vê-la, perceber que ela parece a irmã gêmea do Rodrigo Lombard, só que com mais bigode.
Não, tudo está muito fácil! Uma amiga minha, por exemplo, marcou com um jovem do Tinder um encontro na praça de alimentação do Minas Shopping. Chegando lá, percebeu que ele estava beijando outra garota. O que ela fez? Entrou no Tinder e mudou o filtro de distância para 1km… Nem da praça de alimentação ela teve que sair para arrumar outro “desesperado virtual”.
E se fosse na era pré-Tinder? Poxa, se isso tivesse acontecido comigo, eu ficaria pensando nas minhas opções:
- Voltar para casa, esperar até meia noite para entrar no MSN, gastar mais alguns dias para achar outra mulher que não tenha qualquer pré-requisito estético para seu parceiro de paquera e convidá-la para sair;
- Ou, tomar coragem, ir até o local em que eles estavam “dando os pega”, assentar do lado do casal e falar: “_Primeira de fora é minha”.
Bem, possivelmente, eu escolheria a segunda opção. Pensando bem, eu acho que, de certa forma, já a escolhi uma vez.
Lembro-me do primeiro encontro com a Bárbara. Nossa amiga em comum, Ana Silvia, resolveu nos apresentar. No início, não gostei da ideia. Entretanto, eu tinha estudado no CEFET, um lugar que possui 6 homens para cada 4 rapazes e 1 outros (as mulheres, estatisticamente, entravam na última categoria), então, como estava na seca, já começando a planejar o que faria quando virasse padre (ou serial killer), resolvi arriscar.
E não me arrependi! Olhei o Orkut dela antes do encontro e percebi que minhas chances eram remotíssimas. Por isso, resolvi fazer a barba, passei escondido o perfume do meu pai e coloquei a melhor roupa (mas, como na época eu era hippie, também era minha pior roupa, por empate).
Ao chegar na igreja (ponto de encontro), Ana Silvia fez questão de me apresentar da pior forma possível:
_ Viu, Bárbara? Falei que ele não era tão estranho assim. – disse ela.
Como se não bastasse, saiu do local, deixando-nos sozinho. E o silêncio sepulcral tomou conta. Bárbara, então, puxando conversa, virou para mim e, olhando para meus cabelos, na época, compridos, disse:
_ Seu cabelo é bonito. Ele parece com o cabelo do Paçoca, meu cachorro…
E a própria Bárbara parou boquiaberta, chocada com o que tinha dito. Eu também fiquei espantado e quase me levantei. Todavia, não fui embora por dois motivos:
- Ainda não tinham inventado o Tinder…
- Eu tinha visto uma foto do cachorro dela no Orkut… Ele nem era tão feio.
Enfim, engoli em seco a comparação e, provavelmente, a Bárbara, querendo recompensar a gafe que cometeu, acabou aceitando se casar comigo alguns anos depois.
O que eu sei é que, naquela época, paquerar era tão mais difícil, que, na semana seguinte, eu preferi cortar meu cabelo do que tentar convencer minha “match” de que ele não parecia de cachorro.