O caos Paulino

Acredito que Deus seja alguém bom, amoroso, tranquilo e que tenha domínio sobre todas as coisas. Enfim, para mim, Deus é uma espécie de papai-noel hippie, que joga The Sims com a humanidade. Acredito, também, na graça, como um dom dado por Deus, concedendo à humanidade as condições necessárias para nossa existência. Acredito, sim, na bondade de Deus. Menos quando tem jogo de futebol do São Paulo.

 

Por algum motivo, no Morumbi, a graça de Deus não nos alcança. O que nos alcança é o caos: Pratto atualiza a cada rodada as definições de gol perdido; Renan Ribeiro atualiza a cada chute seu corrente filosófica-acadêmica, o “fudeuismo”, de acordo com a qual o goleiro deve cair para o lado que a bola não está indo; Lugano insiste em estar em câmera lenta em cada jogada, parecendo até que está em um filme das irmãs Wachowski; e tem o Buffarini… Que merda de nome é esse? (Senhor, afaste de nós os Buffarinis!)

 

Eu queria acreditar que Deus não existe, que tudo viesse e fosse para o caos. Minhas dúvidas existenciais seriam tão mais facilmente resolvidas. Por que o São Paulo contratou o Neilton? Porque tudo iniciou do nada e vai para o nada, tendendo ao caos. Por que Rogério Ceni voltou? Estamos no caos, meu filho! Por que o Lugano ainda não se aposentou? Não sei, mas sua permanência só perpétua o caos em que vivemos (e torcemos). (Senhor, aposente para nós os Luganos!)

 

Mas acredito em Deus (apesar de sofrer por isso em épocas como esta) e busco explicações para esse esquecimento divino morumbiano, onde ele não possui poder. Principalmente por me recusar a pensar em um Deus malvado contra meros torcedores, que só buscam uma forma de felicidade no fim de semana. (Senhor, perdoai os xingos contra a mãe do Jucilei, apesar de não termos perdoado seus erros de passe!)

 

Todavia, não as encontro… Nem se a Suma Teológica fosse escrita por Satanás, conseguiríamos entender aquele caos. Talvez um teólogo americano já tenha encontrado estas respostas. (Senhor, afasta de nós a comparação do São Paulo com o América Mineiro!)

 

As causas teológicas podem ser diversas, mas as consequências são certas. Não nos domingos, mas nas segundas. Domingo cada um está em casa, preocupado com seu time. Na segunda, ninguém está a salvo. Na segunda não! Nela encontram-se os amigos, os cavaleiros de nosso apocalipse, cavaleiros do caos. As vezes nem falam nada. Um simples esbarrão, um sorriso ou uma foto compartilhada no face basta para destruir nossa semana. Estranhamente, os amigos de segunda estão mais frequentes este ano (e pressinto que esta será um ano cheio de segundas). Saudade da época do tricampeonato de 2005/2008! Naquela época eu nem tinha amigos! Os cavaleiros do caos se refugiavam na segunda. (Senhor, afasta de mim os amigos de segunda!)

 

Não é que ser São Paulino seja ruim. Não é! Ruim são só noventa minutos por fim de semana. Ao que tudo indica, são nesses noventa minutos que Deus abre mão do seu domínio sobre a terra e deixa que impere o caos no Morumbi. E, aparentemente, Ele acha graça disso. (Senhor, não ria de nós!)

(Amém)